Capítulo 1
Mais uma noite havia acabado, mais um cliente satisfeito com a mercadoria que havia levado. Coloco as mãos nos bolso do casaco, que é a única peça de roupa que realmente esquenta o meu corpo, pois eu não acho que meias-arrastão e minissaias consigam esquentar um corpo quase congelado.
Ando até a praça do centro da cidade e vejo algumas colegas de trabalho lá. Mulheres com seios fartos e pedaços gordurosos da barriga saindo pelas brechas entre o espartilho e a saia. Mas nada daquilo vai importar para os clientes, eles não querem mulheres perfeitas, isso eles tem em casa. Aqui, eles só querem uma boa noite, apenas sexo.
Sento em um banco e pego o dinheiro que consegui arrecadar esta noite, 150, nada mal, não foi das melhores, mas já estive em piores.
Vejo alguém se aproximar e coloco o dinheiro rápido no bolso, se tem uma coisa que a vida nas ruas me ensinou é nunca dar bobeira, do mesmo jeito que as coisas vêm fáceis, elas saem fáceis. Olho para a mulher de seios fartos e uma roupa extravagante com um cigarro na boca. Feist, é o nome dela.
-Calma aí Angel. –Relaxo um pouco mais ao saber que é ela quem está aqui do meu lado, por mais que não se deva confiar nos colegas de trabalho, na Feist eu sei que posso contar, pois se não fosse por ela eu poderia nem estar aqui mais.
Capítulo 2
Seis anos antes.
Era um dos invernos mais frios do Reino Unido, e foi no meio desse inverno tenebroso que fui largada. Onde a minha vida começou.
Não, eu não tenho 6 anos, mas é que não lembro de quase nada de antes desses seis anos. Nenhuma lembrança da minha infância. Então pra mim o meu nascimento foi há 6 anos atrás. Acordei no meio de uma praça, a neve cobria toda extensão do local. Levantei e olhei ao redor, ninguém parecia me notar. Minha cabeça doía, o frio estava piorando ainda mais a dor.
Eu queria chamar por alguém, mas não sabia quem, então as lágrimas não me deixaram mais falar. Foi então que alguém se aproximou e se ajoelhou ao meu lado. Era um homem velho e fedendo a álcool, ele colocou um pano velho, porém quente, em minhas costas e me levou para debaixo de um prédio.
Acho que eu tinha uns 12 anos naquela época, eu acho, porque não consigo lembrar nem isso, quantos anos tenho, é tudo suposição. Meu nome é uma coisa que não sei o que é. As meninas de hoje em dia me chamam de Angel, pois elas dizem que caí do céu e por que sou muito inocente para viver como vivo.
O homem velho me deu um copo de café quente que ele tinha e bebi tudo rapidamente. Essa é a minha primeira lembrança, a lembrança do dia do meu nascimento, se assim posso dizer.