Capítulo 21
Ed me deixa em meu apartamento e vai para a faculdade. Passo a tarde apenas imaginando como é que os misteriosos moradores, possíveis parentes, são. A noite chega e tenho que trabalhar, voltar para o mundo real.
Encontro Feist no meio da praça, ela conversa com algumas garotas que esperam a sua vez para o programa. Ao me ver ela me dá um abraço.
-Fui na sua casa hoje cedo, mas você não estava. Finalmente decidiu sair e ver a luz do sol? Tá certo que hoje não fez sol, mas você entendeu. -Dou uma risadinha.
Penso se devo contar tudo para ela, chamo-a para um lugar mais reservado, pois não quero que as outras garotas escutem.
-Eu sai com o ruivo de ontem. -Prefiro ir contando aos poucos.
-O que? Quer dizer que você tem um cliente VIP?
-Não é isso, é que ontem quando eu estava com ele, tive uma lembrança do meu passado. O passado esquecido. -Conto tudo a ela, até a parte que escondi na noite passada.
-Então quer dizer que você achou os seus pais? -Ela diz um pouco emocionada.
-Não, nem sei se eles são os meus pais, mas de alguma forma devem estar envolvidos com a minha vida. Estou tão nervosa para ir amanhã. -Feist me abraça e chora.
-Nem acredito que finalmente a minha pequenina vai saber quem ela é. -Ela enxuga uma lágrima. -Você não sabe quantas vezes pedi para que você lembrasse quem era. Fiz isso desde o dia em que te conheci.
Capítulo 22
Seis anos antes
Eu já estava na companhia do bêbado e meu molestador há alguns meses, eu queria fugir, mas não sabia para onde e ele não me deixava. Forçava-me a trabalhar para ele e a noite fazer outros tipos de trabalho. Eu chorava toda noite quando ele roncava em meu ouvido, com o seu corpo colado ao meu.
Um dia uma mulher bem volumosa passou no beco onde nós estávamos, ela me ouviu chorar e ficou observando. Sei que era perigoso, mas mais perigoso do que morar com seu molestador não poderia ser.
Chamei-a e pedi ajuda. A mulher percebeu o que estava acontecendo na hora e me arrancou dos braços do homem.
-O que está havendo? -Ele disse acordando assustado. Eu estava atrás do corpo da mulher. -Essa garota aí é minha? Eu a achei.
-Quem você pensa que é para fazer uma coisa dessas com uma garota, ela é apenas uma criança. -A mulher então deu um tapa no rosto dele.
O homem tentou bater nela, mas só fez piorar a situação, pois ela gritou e chamou a atenção de algumas pessoas que passavam por ali.
A situação estava formada, a polícia chegou e prendeu o homem por assédio sexual em menores, violência contra a mulher e posse de drogas. Os policiais queriam me levar para um abrigo, mas Feist, a mulher que me salvou, disse que cuidaria de mim, ela até assinou papéis para isso.
Foram vários meses para que a Feist fosse de fato a minha “mãe”. Desde esse dia eu sou grata a ela por tudo.
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