on quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O dia amanhece e vejo Ed ainda dormindo ao meu lado, aperto em seu peito e olho para a grande janela do meu quarto. Vejo Londres amanhecer, respiro fundo e lembro de algumas semanas atrás, quando eu ainda era uma garota de programa perdida na vida. Tanta coisa mudou, jamais pude imaginar que estaria em um hotel de luxo, deitada com um homem por amor, e com uma família para chamar de minha. 
Levanto-me e vou para o telefone pedir um café da manhã, entro no chuveiro e tomo um ótimo banho. Visto uma camisa do Ed e vou para a sala esperar o café da manhã, vou com calma para ter certeza de que Tadeus ainda dorme, e confirmo. 
Fico na varanda olhando um dia de sol se formar, o inverno está acabando, assim como o tempo nebuloso da minha vida. Alguém se aproxima de mim, e me preparo para abraçar achando que é o Ed, mas vejo Tadeus. Sem camisa e com uma calça de moletom, ele olha para o meu corpo e minhas pernas descobertas.
-Bom dia. -Ele sorri mostrando um belo sorriso. 
-Bom dia. -Digo desanimada e tento sair da varanda, mas ele impede minha passagem. -Sai da minha frente eu estou esperando o café da manhã. 
-Por que está me evitando? Foi apenas um beijo, não era você que estava disposta a esquecer? Julie, não adianta mentir, eu sei como isso mexeu com você. 
-Não mexeu em nada, eu amo o Ed e tenho certeza disso. 
-Esse cara? Tudo bem ele te ajudou a nos reencontrar e sou grato a ele por isso, mas será que você não tá confundindo os sentimentos? Será que você não sente só gratidão por ele e não amor? -Ele fica o tempo todo me encarando e baixo os olhos, mesmo sabendo que isso mostra o quanto sou fraca. É apenas um hábito que peguei dos meus tempos de garota de programa. 
-Não estou confundindo nada eu realmente o amo, e não adianta você tentar me confundi, pois não vai funcionar. 
-É mesmo? E se eu fizer isso! -Ele então me beijou intensamente e não consegui me soltar, bati em seu peito, mas ele me segurava com força. Suas mãos levantaram a camisa do Ed e depois pararam no meu bumbum. 
Então nós ouvimos um barulho na porta, eu havia sido descoberta só podia ser.

Tento afastá-lo, mas parece que o meu corpo não quer isso, é como se o passado agora tomasse conta do meu corpo e gostasse do que Tadeus faz, mas minha consciência é contrária a isso, ela só pensa no Ed e em como ele é bom e perfeito para mim. 
Então eu grito, com toda essa confusão em minha mente, Tadeus me solta assustado. Corro para o meu quarto e tranco-me lá. Sento na cama e começo a chorar, lágrimas de arrependimento por ter beijado o Tadeus, por ter gostado de tudo isso. 
Eu ainda amo o Ed, mas não posso negar que estou um pouco mexida com o beijo do Tadeus. 
Passo o resto do dia dentro do quarto, agora eu realmente devo ficar aqui e não me mexer, posso piorar ainda mais as coisas. A noite Ed chega e ao ouvir a voz dele, abro a porta correndo e o abraço, o mais forte que posso e segurando as lágrimas. 
-Nossa, o que houve? -Não digo nada, apenas fico calada respirando o seu perfume. -Angel, o que houve? -Levanto o rosto e lhe beijo. 
-Nada, não houve nada, só estava com muita saudade. -Ele segura a minha mão e senta comigo no sofá, então vejo Tadeus a nossa frente. Os olhos dele olham para todos os lugares possíveis, menos para nós.
-Então como foi o dia? -Ed olha para mim e Tadeus. -Fizeram algo legal? 
-Não! -Respondo rápido. -Foi uma tarde normal e entediante. 
-Ok. O que nós podemos fazer aqui? -Seguro ele pela mão e o levo para o meu quarto. -O que deu em você, o seu primo está aí. 
-Eu sei, e o que é que tem? Nós não vamos fazer nada de errado.
Deito na cama e puxo o Ed para deitar junto comigo, não quero sexo, apenas quero sentir o corpo dele ao meu lado e ver que ele ainda me ama, me ama mais do que tudo. 
Sim, penso em contar para ele, mas logo depois desisto. Sei que guardar mais segredos do Ed vai complicar a minha vida, mas esse eu pretendo nunca revelar, pois sei que vai magoá-lo mais que tudo. 
-Ed, eu te amo. -Viro-me e fico de frente para ele. -Mais do que tudo na minha vida. 
-Eu também te amo Angel. -Ele me beija e vai me acariciando, então vamos tirando nossas roupas, ficamos nus e nos entregamos a esse amor. As carícias de Ed e os seus beijos me fazem ter a certeza de que ele é o homem da minha vida, não importa o empecilho. 
É ao lado dele que quero passar o resto dos meus dias.
on sábado, 26 de janeiro de 2013


Ed me deixou no hotel e foi para a faculdade, passei a tarde deitada na minha cama evitando o máximo de contato com o Tadeus e ele parecia evitar também. Até que eu resolvi quebrar esse clima ridículo, Tadeus e eu éramos e somos amigos, nada mudou. 
-Tadeus? -Ele olhou para mim. -Vamos acabar com isso, você sabe, esse clima estranho. Somos primos e amigos, não podemos ficar em silêncio para sempre. Você gosta de mim... -Ele ri, me interrompendo. 
-Gostar não define bem o que sinto.
-O.K. Você é apaixonado por mim, eu já fui apaixonada por você, mas o tempo passou e eu não lembro desse sentimento, podemos esquecer tudo isso e continuarmos com nossa amizade, pois isso eu não quero nunca esquecer. 
-Para você é fácil falar assim, perdeu a memória, mas eu ainda tenho esse sentimento aqui dentro de mim, mesmo depois de todos esses anos. Você acha que eu realmente gosto de sofrer? Não, adoraria pensar em outra pessoa, mas não consigo. 
-Tadeus, talvez o destino não quisesse que ficássemos juntos por isso fez com que eu sumisse. 
-Mas ele está nos reunindo outra vez. -Ele se aproximou de mim e nossos rostos ficaram próximos. -Deixa eu te fazer lembrar do passado, prometo que não vai doer, são boas lembranças. -Afasto-me e respiro fundo. 
-Não, não vou trair o Ed, nunca vou conseguir fazer isso. -Ele segurou o meu braço e me puxou para perto de si. -Para Tadeus, isso não é brincadeira, não posso trair o Ed, não é justo com ele. 
-E comigo? É justo me fazer sofrer desse jeito? Eu te amo Julie. 
-Não me chama desse jeito. Meu nome é Angel! 
-Seu nome é Julie e é assim que vou te chamar, por que você é e sempre será a minha Julie, a garota por quem sempre fui apaixonado. 
Antes que eu pudesse falar algo seus lábios encostaram-se aos meus, era diferente do beijo do Ed, muito diferente, mas não era ruim, seus lábios são macios e... o que estou fazendo? Empurro-o e corro para o meu quarto, mas ele para na minha frente e me beija novamente. Ele me solta e sussurra: 
-Não podemos fugir do passado, ele sempre vem para nos atormentar.

Uma semana depois

Finalmente recebi a minha tão sonhada alta, Ed estava lá para me receber enquanto Tadeus estava no hotel arrumando tudo para a minha volta. 
Antes de sairmos do hospital decidi fazer uma coisa e Ed concordou. Paramos na frente do quarto do Chad e disse para o Ed ficar. 
-Quero falar com ele sozinha. É um assunto nosso. 
Ele assistia TV, ao me ver fingiu que eu não estava ali. 
-O que foi? Veio me humilhar pelo meu estado? -Disse sem olhar para mim. 
-Ao contrário, mesmo depois de tudo o que fez vim aqui dizer que tem todo o meu apoio para o que precisar. 
-Apoio? Humf! Como se isso ajudasse alguma coisa, eu quero e preciso de pernas novas, quero andar! -Ele gritou. -Não quero a merda do seu apoio. Por que você se safou e eu tenho que pagar? Sou um homem rico e você é apenas uma prostituta. 
-Judas depois que entregou Jesus estava rico e o que aconteceu a ele? E Maria Madalena era uma prostituta e como ela terminou? Não é a sua condição de vida que te faz merecedor de algo e sim o seu caráter. Não estou aqui para te julgar, mas também não vou passar a mão na sua cabeça e dizer que você é um coitadinho. Se hoje você é paraplégico é por inteira e completa responsabilidade sua, por causa desse seu ego enorme. A única coisa que pode fazer é erguer a cabeça e lutar para provar a todos que mudou.
Eu não pensei em nenhum instante, apenas fui deixando as coisas saírem. Eu não estava lá para ser cordial e boa, queria que dessa vez ele tomasse uma dose de realidade e assim, quem sabe, aprendesse algo com isso tudo.
-Sai daqui, ainda não sou esse tipo de ser humano, capaz de ouvir conselhos de uma vadia. Quem sabe daqui a alguns anos? Volta e vem falar comigo. Agora vaza vadia! -Mesmo sabendo que ele me odiava eu sabia que havia conseguido tocá-lo. 
Em seus olhos eu via uma ponta de esperança de que quando eu voltasse em alguns anos ele me receberia de pé e andando e é isso que espero que aconteça. Chad não merecia isso, mas já que recebeu espero que saiba passar com garra e que carregue todas as lições que vai aprender por toda a vida. 
-Como foi? -Ed pergunta. 
-Bem, não foi a conversa mais agradável que tive, mas com certeza foi a mais marcante, para nós dois. 
-Agora que estamos só, você pode me explicar o motivo real do Chad ter tentado te matar? 
Então abri o jogo com ele, contei que o Chad havia sido o cliente que tinha batido em mim, contei porque tinha medo de contar a ele e a polícia, o resto ele ligou. 
-Não consigo acreditar que esse Chad é o mesmo que conviveu comigo durante a infância, ele não parecia em nada com esse. 
-Às vezes o tempo é capaz de mudar muito as pessoas, às vezes em muito tempo, outras em segundos, nós só temos que perceber e saber como lidar com as mudanças. 
-Falando em mudança preparada para mais uma? Morar com o seu primo? 
Não, eu não estou. 
Desde o dia em que Tadeus disse que estava apaixonado por mim não toquei mais nesse assunto e não pretendo tocar, mas ficar esse tempo com ele não vai ser fácil para evitar o assunto.

Abri meus olhos e o sol já estava claro, dessa vez ao meu lado estavam Ed e Tadeus a adição desse me fez sentir estranha, não era ruim, só era estranho ter mais alguém. 
-Como está se sentindo meu amor? -Tadeus olhou estranho para o Ed ao ouvi-lo falando daquele jeito. Aquele reação não era a esperada, ainda mais depois da minha lembrança.
-Bem melhor, ainda dói em alguns lugares, mas já sinto minha perna. Quanto tempo se passou desde o meu desmaio até agora?
-Dois dias. -Tadeus respondeu. Fico surpresa de ver o quanto dormi. 
-Nossa, tudo isso. E como está o Chad? -Ed abaixou a cabeça e eu já sabia o que aquilo significava. -Ele morreu? 
-Não, mas ele não teve a mesma sorte que você, o caminhão acertou o lado dele em cheio. -Ed respirou fundo. -Ele está paraplégico. 
-Mas ele já acordou e recebeu a notícia? -Ed afirmou. 
-Foi ontem, eu estava presente. Por mais que a culpa tenha sido inteiramente dele e eu estar com muita raiva dele, foi difícil vê-lo sofrendo daquele jeito. Espero que ele supere tudo e aprenda alguma lição com tudo isso.  -A voz do Ed estava carregada e percebi ali que ele estava se segurando, desde o momento em que recebeu a notícia com Chad, para não chorar.
-Eu também espero. 
-Vou chamar o médico, você pode ficar aqui com ela Tadeus? 
-Claro. 
Ed saiu da sala e me deixou sozinha com Tadeus. Fico em silêncio sem saber o que dizer, minha mente está confusa com tudo e o fato de Tadeus estar próximo a mim não está ajudando. 
-Fiquei preocupado com você, sabe o quanto é importante para mim. -Dou um sorriso sem graça. -Julie, preciso te dizer algo... 
-Não precisa, eu já sei, na semana que passei na sua casa eu lembrei de algo. -Ele olhou espantado para mim. -Nós eramos pequenos e você estava dizendo que me amava, isso não foi o mais constrangedor, o pior foi eu ter te beijado. -As imagens da lembranças aparecem em minha mente, e sinto minha bochecha ruborizar.
Um silêncio tomou conta de nós dois. Até que ouvi a respiração dele e logo depois um suspiro, pesaroso ele disse: 
-Isso foi dias antes de você desaparecer. -Lágrimas escorrem dos olhos dele. -Mas já faz muito tempo e sei que agora você tem o Ed, mas só posso dizer que ainda te amo, e sempre vou amar, espero que um dia você aceite e desperte esse amor por mim também. 
-Tadeus, não vai acontecer, o meu coração só pertence e só vai pertencer ao Ed. É por ele que sou apaixonada e não há nada que possa mudar isso. 
-Aqui está ela doutor. -A voz do Ed nos assustou e mudamos de assunto. 
Tadeus ainda é apaixonado por mim, Chad está paraplégico o que mais pode acontecer para que voltar a dormir seja uma boa opção?
on segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Capítulo 35
Nós nos aproximávamos de uma ponte e eu sabia o que o Chad estava planejando, assim que vi que o carro iria ultrapassar a barreira e cair da ponte me joguei no banco da frente e puxei o volante para o lado contrário, com o susto Chad soltou o volante e logo depois começou a me bater e tentar me tirar dali, resisti o máximo que pude até que caí no banco ao lado do motorista. 
-Sua imbécil, olha o que fez, estragou toda morte trágica que eu havia planejado. 
-Você está louco Chad, olha só como está falando. 
Então ele me deu um soco no rosto e quando levantei meu rosto vi que estávamos em contramão, os carros passavam por nós e buzinavam raivosos. Chad os xingava e acelerava ainda mais, quando um caminhão veio e nossa direção, Chad tentou encontrar uma maneira de desviar, mas não havia saída, na via correta da ponte, ao nosso lado estava Ed e Tadeus. 
Fechei os olhos esperando a pancada e logo depois a morte, mas não foi bem assim. Eu senti a pancada, logo depois os air-bags inflaram, senti os vidros me cortarem e senti que estava sem espaço para me mexer. Antes senti também algumas reviravoltas, o carro deve ter capotado, esperei sentir a leveza da morte, mas essa não veio. 
Abri os olhos e percebi que estava de cabeça para baixo, Chad estava desmaiado e me apressei a procurar um jeito de sair dali antes que ele acordasse, mas o carro estava bastante destruído e não consegui encontrar uma saída onde o meu corpo todo passasse. Meus braços gritavam de dor e decidi parar de me mexer, a minha perna direita estava dormente e minha cabeça sangrava. 
-Angel, meu amor, diz que você está me ouvindo, por favor. -Era a voz do Ed, ele chorava dava para perceber. 
-Estou. -Então percebi o quanto estava fraca, mal consegui terminar de falar. 
-Graças a Deus. Não se preocupa o resgate já está vindo, tenta não se mexer. Como o Chad está? -Olhei para ele e parecia que ele estava mais pálido. 
-Está desmaiado. 
-O.K. Continua a falar comigo, o que você está sentindo? -Contei a ele tudo o que senti e fiquei acordada todo o tempo até que o resgate chegou. 
Ouvi as instruções do homem e logo depois ouvi o barulho da ferramenta quebrando algumas partes do carro para que pudéssemos sair dali. 
Quando consegui enxergar a luz do pôr-do-sol e ver os cabelos laranja do Ed eu desmaiei, deixei o cansaço me levar.
on domingo, 20 de janeiro de 2013


Capítulo 34
-Me solta. -Gritei, mas Ed e Tadeus não estavam ali para ouvir. Olhei novamente para Chad e ele me apertou com mais força. 
-Não tem para quem gritar vadia. -Então ele me levou para o seu carro. 
Debati-me, mas ele era mais forte e me empurrou brutalmente para dentro do carro, olhei para a entrada do meu prédio e vi Ed e Tadeus lá, gritei e bati no vidro para que ele me visse, quando o carro foi ligado e minha voz não pode ser mais ouvida perdi as esperanças, mas Ed olhou na minha direção e soltou minhas malas no chão. Seus passos vinham em minha direção, mas foi inútil eu já estava indo embora com Chad. 
-Merda, o que o Ed estava fazendo na sua casa? -Ele falou olhando pelo retrovisor. 
-Nós somos namorados. -Disse ferozmente. 
-Vocês o que? -Ele então começou a rir. -Impossível, você só pode ser louca e está delirando garota. O Ed jamais namoraria alguém como você. 
-Talvez você não conheça o seu amigo. Ele é muito melhor do que você imagina como ele é, você faz uma imagem do Ed como se ele fosse você, como se ele fosse sua alma gêmea de caráter, mas ele não é assim. -Olho para ele e entendo tudo. -Claro, você faz essa imagem do Ed porque é uma forma de você se sentir incluído em algo, em ter um amigo igual a você, tudo o que quer é ser amado. Faz essa pinta de pegador e durão, mas por dentro é apenas um criança assustada. 
-Cala a boca! -Ele então acelera mais, olho para trás e vejo o Ed nos seguindo dentro do seu carro. -Ed, porque você tem que tornar tudo mais difícil?! 
As ruas passam por mim rapidamente e tenho medo de não conseguir me safar dessa, Chad está incontrolável, não está em seu melhor estado. 
-Por que está fazendo isso comigo? Não fiz nada de mal a você, eu nem te denunciei. 
-Eu sei, mas só pra garantir que não vai tentar usar isso contra mim futuramente vou te exterminar agora, isso se o Ed deixar é claro. 
Ele olhou pelo retrovisor e encontrou os olhos do Ed, pronto, ele o havia reconhecido. Segundos depois o celular do Chad tocou, era Ed. 
-Ed, cala a boca… não, quem está cometendo um engano enorme aqui é você… como pode namorar uma prostitutazinha barata… não, eu não vou parar o carro! Chega, não quero mais falar com você, sua voz já me irritou o bastante e me deu uma ideia, já que mesmo se eu liberar a vadia bem você vai chamar a polícia, decidi que é melhor termos um grande fim trágico, digno de filmes, vamos os dois morrer juntos. -Ele olhou para mim e minhas pernas começaram a tremer. -Isso mesmo, e você vai assistir tudo isso de camarote. 
Olhei para trás e vi o Ed gritar no celular, seus olhos se encontraram com os meus e lágrimas escorreram deles. 
Sussurrei um te amo, pois sabia que ele iria ler meus lábios. 
Ele disse para eu não me preocupar porque ele daria um jeito, mas eu sabia que não havia mais jeito.
on sábado, 12 de janeiro de 2013

Capítulo 33
-O que você faz aqui? Eu achei que ainda estivesse lá com a sua mãe. -Digo completamente assustada de vê-lo ali.
-Eu vim atrás de você, para ter certeza de que ia mesmo vender o seu apartamento, mas olhando bem, isso não pode ser considerado um apartamento. -Ele olha com nojo para o meu pequeno lugar.
Ed aparece atrás de mim e Tadeus leva um susto.
-Você mora aqui? Oh, nossa acho que entendi, você está no apartamento dele! Que susto, achei que você morasse aqui. -Olho séria, odiando aqueles comentários preconceituosos.
-Não, você estava certo, eu moro aqui, o Ed que veio me visitar. -Dou um sorriso meia boca. -E se veio aqui para ter certeza de que vou vender, é melhor esperar sentado, pois para vendê-lo eu terei que comprar primeiro.
-Mas porque mora aqui? Você já viu a vizinhança? Eles são drogados e garo…
-Garotas de programas. Isso mesmo, todos que moram aqui são.
Ele olha para mim e não entende de cara o que falo, logo depois olha abismado.
-Sim, eu também, como acha que sobrevivi esse tempo todo?
-E você deixa a sua namorada se prostituir? -Ele pergunta para Ed. -Que tipo de homem é você? -Vou respondê-lo, mas Ed me interrompe.
-Primeiro, eu não namorava com a Angel, antes dela conhecer vocês, portanto eu não namorava com ela enquanto ela era garota de programa. Segundo, eu não a julgo por ser uma, pois ela faz isso para conseguir sobreviver, nós que temos a vida fácil demais nem percebemos o que é realmente sofrer para sobreviver todos os dias, ela é uma guerreira e é por isso que a amo. -Ele segura a minha mão, e lágrimas escorrem dos meus olhos. -Se você não vai mais a considerar sua prima só por esse fato, só me resta dizer sinto muito, pois vão perder a companhia de uma pessoa adorável como a Angel.
Tadeus fica calado apenas observando, ele abaixa a cabeça e sussurra um sinto muito.
-Não queria ofender, é que fiquei em estado de choque, foram muitas notícias de uma só vez. -Fico mais calma e percebo que peguei um pouco pesado também. -Só podia pedir uma coisa, não quero ofender, mas é pela minha mãe, ela ficaria melhor se soubesse que você está em um apartamento. Aluguei um quarto num hotel no centro da cidade, vem comigo. Alugo mais um quarto para você, só pela minha mãe. -Olho para o Ed e ele suspira.
-Pela sua tia, faz. -Fecho os olhos e concordo, já vi que se caso não fizer Tadeus não vai me deixar em paz.
-Você pode me ajudar a fazer as malas? -Digo a ele.
Meu primo concorda e me ajuda a guardar minhas roupas e objetos pessoais. Ed e ele dividem as malas enquanto vou descendo, saio e olho para a praça onde fazia programa, parece um passado distante, mas não é, apenas alguns dias separam os meus dias negros dos dias de glória. Olho para o lado quando esbarro em um homem. Peço desculpas e ele aperta o meu braço.
-Oi Angel! -Vejo Chad me olhando ferozmente e sei que não vou sair viva dessa vez….

Capítulo 32
Uma semana depois.
Não vou negar a semana com a minha nova família foi divertida, Tadeus foi bastante atencioso e me mostrou muita coisa de família, mas não foi o suficiente para me fazer lembrar algo. Só para dizer que eu não lembrei de nada, sonhei com uma coisa, mas que não tem muita importância. 
Passei o resto do tempo pensando no Ed, sinto que estou ficando muito obcecada e clichê, e não gosto dessa ideia. Eu o amo, mas acho que não preciso ficar tão assim. Bem, depois eu penso em mudar o meu jeito clichê de ser, o que importa agora é que a semana acabou e vou vê-lo de novo. 
Ao ver o cabelo ruivo mais lindo de todo o mundo cruzando a estrada e vindo em minha direção eu corro para abraçá-lo e lhe beijar. Minha tia e Tadeus nos observam, eu percebo os olhos deles me seguindo. Não ligo, só quero matar essa saudade. 
-Não acredito que finalmente terminou. -Ele olha para mim. 
-Foi tão ruim assim? Pelo celular você parecia feliz. 
-Não foi ruim, mas não foi ótimo, não tive grandes lembranças só uma que nem merece ser lembrada. -Ele olha curioso. -Eu estava na cozinha comendo cookies, viu não é nada importante. -Menti. 
A lembrança foi muito constrangedora para contar. 
-Já é alguma coisa, você vai lembrar aos poucos, não se preocupa.
Antes que possa perceber estou de volta em casa, minha tia disse que tenho que vender logo o meu apartamento e ir para a casa dela, disse que estava indo para Londres para fazer isso, mas não tenho certeza de que vou fazer, primeiro que não tenho um apartamento para vender, segundo porque não vou largar minha vida assim. Claro que não vou abandonar minha família agora que a descobri, mas não vou morar com eles. 
Entro no meu muquifo e dou um sorriso. 
-Nunca achei que fosse sentir saudades dessa pocilga. -Ed ri. Ele me abraça por trás e me beija. 
Nós caímos na cama e me coloco em cima do seu corpo. 
-Está domado agora. 
-Faça o que quiser comigo minha senhora. -Beijo o seu rosto e tiro sua camisa, vou beijando o seu corpo e paro logo depois do seu umbigo, ele olha para mim. -Porque parou? 
-Sei lá, é estranho fazer sexo por amor. Me acostumei tanto a fazer sem sentimentos que agora é difícil. -Ele enlaça sua mão na minha. 
-Te ajudo. 
Ele me deita na cama e coloca seu corpo sob o meu, nossas mãos unidas, os lábios dele beijando de um jeito terno e me fazendo ficar com vontade de tirar logo nossas roupas e ir para os finalmente. 
Isso não demorou a acontecer, segundos depois estávamos suspirando, estávamos juntos, unidos, nossos corpos agora não tinha definição de onde começava o Ed e onde eu terminava. 
Assim que acabamos eu percebi que o corpo dele não era nada parecido com o que imaginei, era ainda melhor. 
-Como foi a sua primeira vez com sentimento? -Ele brinca. 
-Foi mais ou menos. -Digo séria, ao ver que ele está quase ofendido, eu começo a rir. -Estou brincando, foi perfeita, não posso querer mais. 
Alguém bate na porta, deve ser Feist sabendo que cheguei. Coloco minha roupa e Ed faz o mesmo. Então quando abro vejo Tadeus em minha frente. 
-Esse é o seu apartamento?

Capítulo 31
Já é manhã e ver a luz do sol me traz um sorriso no rosto, o Ed vem me ver hoje. Ele passará 2 horas na estrada só para me ver. Então fico pensando, será que ele gosta de mim do jeito que gosto dele, ou é apenas amizade, como foi desde o início para nós dois? 
Visto-me e vou tomar café da manhã. Tadeus e Tia Helena conversam comigo, sempre me contando coisas do meu passado na esperança que lembre de algo, mas ainda estou na estaca zero. 
-Não tem problema, você só passou um dia conosco. Essa semana mesmo eu vou organizar os seus documentos, fazer o exame de DNA e todas essas burocracias. -Ela diz. -Só não precisar se preocupar, pois não preciso de um exame para saber que minha sobrinha está viva e bem aqui na minha frente.
Seu sorriso é acalentador e me faz sentir como se estivesse em casa, mas realmente em uma casa, não no meu muquifo. Mal acabo de tomar café quando o Ed aparece acompanhado da empregada. Ele com uma mala nas mãos. O meu primeiro pensamento é achar que ele veio morar comigo, mas essa ideia é destruída quando ele diz: 
-Trouxe suas roupas. Feist tinha uma cópia de emergência da chave e me emprestou, pois você esqueceu de me dar ontem. -Ele ri e quase me levanto da mesa e lhe beijo. 
Tenho que começar a me controlar, pois está ficando cada vez mais irresistível. 
-Obrigada Ed.
Ofereço o café da manhã para ele, mas ele recusa. Chamo-o para sentar ao meu lado. Só da aproximação já me sinto mais segura e salva. Vejo os olhos da minha tia nele, ela tem um misto de raiva e medo nos olhos, mas logo depois some, fico sem entender, acho que percebi errado.
Depois do café, Ed e eu vamos conversar do lado de fora da casa. Num lugar mais privativo. O jardim ao lado da casa é lindo e é para lá que quero ir, pois tenho algo importante para falar. 
-Então como foi a noite na sua nova casa? -Olho para ele espantada. 
-Aqui não é a minha nova casa, não vou me mudar, só passei uma noite. Isso não significa que viverei aqui. -Ele parece ficar triste. 
-Achei que tivesse gostado da sua família, pensei que estivesse feliz com tudo. 
Paro de andar e fico de frente para ele, seguro sua mão e dou um passo para a frente ficando bem próxima do seu rosto. 
-E estou, mas não estou completamente feliz. -Meus olhos fixos em seus lábios. 
-E o que falta para você ficar feliz por completo? -Aproximo-me mais dele. 
-Falta você.
Então deixo de resistir e lhe beijo, sua mão passa em minha nuca e ele faz carícias em meu cabelo, os lábios macios dele se pressionam fortemente contra os meus, mas não reclamo, só quero mais daquilo. Sua respiração passa por minha bochecha e faz cócegas. Quando paramos para respirar, olho para ele e sorrio.
-Por um instante eu achei que você fosse me afastar. -Nós dois rimos. 
-Só não te beijei antes por achar que não merecia ainda sua confiança. Sempre que perguntavam se nós eramos namorados e você dizia não aquilo doía em mim. -Abraço-o. 
-Desculpa, eu sou uma burra. -Ele diz que está tudo bem, mas prefiro não pensar nisso agora. 
-Entende agora porque não quero ficar aqui? Não quero ficar longe de você. 
-Mas esta é a sua família, e prometo que venho todos os dias te visitar. 
-Não, é muito longe, você tem faculdade e seus pais. Eu não quero te atrapalhar. 
-E não vai, Angel. -Ele pensa um pouco em uma solução e diz: -Que tal se você ficar uma semana aqui com eles, não vou aparecer aqui durante essa semana, pra você se acostumar  e depois eu volto para saber o que você escolhe. O que acha? 
-Acho que não preciso de uma semana para saber o que vou escolher. 
-Dá uma chance a eles. Qualquer coisa você me liga. -Ele me dá o número do seu celular. -Vou estar sempre esperando a sua ligação. Só não vale ficar o dia todo ligando, quero que você tente descobrir memórias. Para quando eu voltar você contar todas elas. Pode ser? 
-Tudo bem, mas promete que não vai me esquecer? 
-E por acaso eu já esqueci de você?

Capítulo 30
A tarde ficamos o tempo todo conversando, eles querem saber como foram os meus últimos anos e não me nego a contar, exceto pela parte de ser uma garota de programa. Conto toda as minhas histórias, e eles muitas vezes se surpreendem com o que ouvem, mas não estou aqui para poupar ninguém, como minha família eles tem que ver o que passei e o que sofri todos esses anos. 
Tadeus um momento me leva para o andar de cima da casa. 
-Quero te mostrar o seu quarto.
Ele segura a minha mão e vai me levando pelos corredores, às vezes ele lembra uma criança. Então a minha única lembrança volta, o menino pequeno dizendo que seremos amigos. Tadeus se vira e olha para mim, e colocando uns anos a mais no menino ele ficará igual a Tadeus.
-Preciso ver uma foto sua quando era criança. -Ele fica assustado com o pedido. -Sei que estou parecendo uma louca, mas acho que lembro de você. A minha única lembrança. 
-Então senta aqui. -Ele me mostra um sofazinho no corredor. -Vou pegar um álbum e trago.
Ele sai correndo e fico observando a decoração requintada da casa. Alguns segundos depois ele volta.
-Esse sou eu. 
Vejo a foto e sei que ele é o garoto da minha lembrança, Tadeus disse que seriamos sempre amigos e está cumprindo a sua promessa agora. Encosto minha cabeça em seu ombro e ele afaga as minhas costas. 
-Nunca achei que fosse encontrar ninguém da minha família. -Ele olha para mim. 
-Mas encontrou. O que importa é isso. E agora que encontrou nós seremos bastante felizes. Quero te levar para conhecer a cidade, podemos ir amanhã. 
-Amanhã o Ed vem para cá, podemos ir com ele. -Digo animada, só de falar o nome dele. 
-Ele é seu namorado? Sei que disse que não, mas parece que você mentiu lá embaixo. -Fico envergonhada.
-Vou contar pra você, porque somos amigos para sempre. -Dou uma risada. -Sim, eu gosto muito do Ed. Gosto dele como nunca gostei de um homem. 
-Nunca se sabe. -Olho sem entender esse comentário. -Ué, você teve perda de memória, quem sabe se você já não se apaixonou ainda mais por um cara antes de perder a memória. 
-Eu só tinha 12 anos quando perdi a memória. 
-As crianças nessa idade já namoram. 
-Tudo bem, mas tenho certeza de que nunca me apaixonei por ninguém como o Ed. Ele é único. 
Tadeus me olha sério e depois sorri. 
-O.K. Vamos para os outros cômodos, só para você conhecer a casa.

Capítulo 29 
O homem, meu irmão, fica tenso e me olha da cabeça aos pés. A sua mãe, minha mãe, se levanta e me dá um abraço. Retribuo o abraço sem saber o que dizer, apenas deixando as lágrimas rolarem, passamos alguns minutos assim sem saber o que dizer, apenas deixando o momento se acalmar. 
-Minha querida. -Ela olha para o homem. -Está vendo querido, é ela mesma. 
-É mãe, mas ela pensa que é a sua filha. É melhor explicar direito a história para ela. -E pela primeira vez ele sorri para mim. 
A mulher me diz que na verdade é minha tia e não minha mãe, o que faz do homem o meu primo. Ela me informa também que meus pais morreram e choro ainda mais por isso, pois a morte foi por causa de uma busca que eles estavam fazendo para me acharem e nessa busca acabaram caindo com o carro em um penhasco. 
-A estrada estava bastante escorregadia e havia muita neblina, nós os avisamos para não ir, mas eles queriam tanto te achar. -Ela para e logo depois sorri. -Se eles estivessem aqui iriam te abraçar tão forte. É uma pena que não lembre de nada da sua infância querida, foi tão mimada.
O meu primo ri. 
-Sério Julie, você não tem ideia do que passamos.
Olho para ele sem entender. Quem é Julie? 
-Ah, desculpe, a minha mãe não disse, mas o seu nome é Julie. -Então repito o nome e vejo como soa. Ed olha para mim e sorri. 
-Pra mim continua lindo o nome. -Seguro sua mão. 
-Ele é seu namorado? -Minha tia me pergunta. 
-Não! Ele é só um amigo. -Olho nos olhos de Ed. -Um grande amigo, que sou grata por toda a minha vida. Sem ele eu nunca teria descoberto vocês. 
Minha tia segura a mão do Ed e agradece, o meu primo, Tadeus, agradece de longe. As horas vão passando e quando me dou conta nós já temos que ir. 
-Como assim ir? Você agora é da nossa família, não pode mais sair daqui. Não podemos te perder mais uma vez. -Minha tia, Helena, diz. 
-Eu tenho a minha casa, não posso simplesmente abandoná-la. -Tadeus segura a minha mão. 
-Claro que pode, venha morar conosco poderemos quem sabe assim trazer sua memória de volta. -Olho para Ed com a ideia de ficar sendo tentadora. Ele confirma com a cabeça. 
-Vai, pode ficar, eu trago suas coisas para cá amanhã. Não se preocupa. 
-Vocês poderiam nos dar licença enquanto me despeço do Ed?
Pergunto para a minha família… Nossa, que palavra estranha. Eles aceitam, Ed e eu vamos para o lado de fora, percebo que nos observam da janela, deixo para lá. 
-O que achou deles? Confiáveis?
-São sua família, te aceitaram bem, claro que são confiáveis. Sei do seu medo de pessoas desconhecidas, mas essas pessoas não são tão desconhecidas assim para vocês, elas só estão guardadas em um canto especial da sua mente. 
-Eu sei, mas é que não sei se vou me sentir confortável de ficar aqui sozinha com eles. E como eles aceitam assim tão rápido que sou a filha sumida? 
-Não sei, mas a mulher estava te observando e deve ter percebido algum detalhe. -Ele olha no relógio e fala apressado. -Agora preciso ir, até amanhã, eu venho te visitar sempre que puder, não se preocupa. 
-Vem mesmo, preciso do seu apoio aqui.
Então o carro dele some pela rua, e sinto como se um grande pedaço de mim fosse arrancado e jogado longe. Mesmo estando com minha família… sério, essa palavra é estranha, nem ao menos sei o significado dela direito… sinto como se estivesse sozinha. 
Só estou completa com o Ed ao meu lado.
on quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Capítulo 28
Olho o papel com o endereço e confirmo que é onde estamos. 
Uma casa de primeiro andar, um pouco menos luxuosa que a mansão da minha lembrança, mas é um luxo perto da que moro. Minhas pernas começam a tremer e Ed me dá um suporte. Ele acaricia o meu ombro e vai me tranquilizando com palavras. 
-Não precisa se preocupar, estou aqui. 
-E se eles não morarem mais aí? -Ed ri. 
-É impossível, não lembra que a senhora falou com os donos? -Confirmo, é mesmo, ele tem razão. 
Nós tocamos a campainha e esperamos, uma voz suave e tranquila fala pelo interfone. 
-Como posso ajudar? 
Ed conta que é o sobrinho de Charlotte e que queria entrar para conversar com eles. Também menciona que está com a sua namorada. Tudo como Charlotte havia dito. 
Os portões se abrem e nós entramos, olho para a minha roupa e sorrio por ter escolhido uma roupa que não mostre o que sou. 
Nós esperamos em frente a porta e dou um sorriso para o Ed, ele retribui. Estou realmente feliz por ele estar ali, pelo que vai acontecer, por tudo. 
Um homem abre a porta, ele bonito, alto, tem cabelos castanhos que caem sob seus olhos, bonitos olhos claros. Ele me olha fixamente e por um instante sinto que o conheço, mas logo depois isso passa. 
-Podem entrar minha mãe está esperando vocês na sala.
Ao ouvir a palavra mãe a primeira coisa que penso é que ele pode ser o meu irmão, se essa senhora for realmente minha mãe. Aperto a mão do Ed e ele acena levemente com a cabeça, talvez pensando a mesma coisa que eu. 
O homem vem nos seguindo até a sala. Apresentamo-nos a dona da casa, minha possível mãe, vamos conversando sobre a casa em que ela morou e tentando chegar ao meu assunto aos poucos. 
-Minha tia estava dizendo que quando vocês moraram lá houve um desaparecimento, algo assim não foi? -A mulher abaixou a cabeça. 
-Eu não sabia que Charlotte já sabia. Tentei evitar ao máximo que a história vazasse por aí, foi uma perda muito grande, toda a minha família sofreu. -Lágrimas ousaram cair mais não deixei. -Nós passamos vários anos procurando-a, mas não valeu de nada, pois nunca a achamos. 
-Ela era sua filha? -Ed pergunta. 
A mulher olha para mim com os olhos cheios de lágrimas e fixa o olhar em meus olhos. Ela pisca várias vezes e depois faz uma cara de surpresa. 
-Você não é sobrinho da Charlotte não é? -Ed confirma. -Quem são vocês? 
O filho da mulher fica tenso e esperando que os ataquemos ou algo assim. Levanto-me e deixo as lágrimas saírem finalmente.
-Eu sou a sua filha! A garota desaparecida.

Capítulo 27
De manhã quando acordo Ed já não está na cama, sinto o cheiro de sopa e sei que ele está preparando algo para eu comer. Não sei como ele está conseguindo, mas pelo cheiro está quase pronto.
Ele sai da “cozinha” com um prato fundo repleto de sopa. Ele sorri e coloca na mesinha onde antes estava a cocaína. 
-É bom tomar tudo, aproveita que o tempo está frio. -Olho para a janela e vejo o céu nublado. Londres em pleno inverno. 
-Então como foi passar a noite num hotel cinco estrelas como aqui? -Pergunto brincando com ele. 
-Posso falar que foi uma das melhores noites da minha vida? -Olho com descrença. -É sério, dormi bem, parece que mesmo com esse tempo de convivência você não consegue apagar a imagem de garoto mimado quando olha para mim. Não sou assim e já dei várias provas. 
-Foi mal. -Enquanto falo vou tomando a sopa. -É que tenho imagens fixas das pessoas só pelo fato de não terem a mesma vida que a minha, é uma espécie de proteção. Coloco todos dentro do mesmo grupo e assim evito contato com todos. 
-Não sei como você é garota de programa. Você não gosta de contato com as outras pessoas e tem que trabalhar com elas, e tendo um grande contato.
Abaixo a cabeça e finjo que é por estar tomando a sopa, mas na verdade eu estou com o rosto vermelho de vergonha. 
-Só trabalho com elas porque preciso. Não faria nada disso se tivesse opção. -Ele coloca a mão no meu pé e fica acariciando. 
-Quem sabe agora você não tenha? Hoje nós vamos descobrir sua história, tentar descobrir o que aconteceu com você. -Ele olha para o relógio e diz: -É melhor se apressar se quiser descobrir quem é. -Então ri. 
Ed vai ao banheiro e toma banho, eu fico esperando ele sair para poder ir. Ao sair ele sai enrolado em uma toalha e fico com vergonha de olhá-lo, todo esse tempo imaginando o corpo dele e agora que está aqui perto do meu não tenho nem coragem de olhar. Entro rapidamente no banheiro e tomo banho. 
Nós saímos de casa e pegamos a estrada em seu carro. Pergunto a ele o que os pais dele acharam quando ele disse que iria passar alguns dias sem ir em casa. 
-Nada, eu não disse. -Olho espantada. -Eles já são acostumados com essas minhas ausências, estou sempre na casa de um amigo.
Quando ele fala isso penso no Chad, com certeza ele vai para a casa do Chad na maioria das vezes. 
-Portanto não precisa se preocupar. 
-É melhor assim, eu não quero atrapalhar a sua vida. -Ele coloca a mão em minha perna. 
-Você nunca vai atrapalhar. 
Então nós pegamos a estrada rumo a minha história

Capítulo 26
Chegamos na minha casa e Ed me deita na cama. Ele olha em volta e vai na “cozinha”, um pequeno vão onde guardo os alimentos, há apenas vestígios da minha última feira. Se é que posso chamar aquilo de feira. Apenas algumas bolachas, massas e só. É não me preocupo muito com dieta.
-Nossa, eu vou ter que comprar algumas coisas pra você hein. Precisa se alimentar, as comidas que tem aqui não são nada saudáveis. -Ele senta na beira da cama. -Mais tarde quando eu vier de vez eu trago suprimentos, agora eu vou ter que ir para a faculdade, onde a Feist mora? -Digo a ele. -Ótimo, vou chamá-la e deixá-la cuidando de você, até mais tarde. 
Ele faz exatamente o que disse. Feist faz todo um drama ao meu ver machucada, explico a ela milhões de vezes o que aconteceu e tenho medo de algumas reações suas, às vezes ela chora de raiva, outras vezes diz que vai matar o homem que fez isso. Pede para eu descrevê-lo, pois caso ele passe lá novamente na praça ela vai arrancar seu pinto fora. 
O tempo vai passando e quando vejo já é noite. Ed chega e Feist se despede de mim. 
-Foi rápido não foi? -Diz ele com várias sacolas em suas mãos. -Trouxe várias coisas para você. Coisas nutritivas, trouxe verduras, frutas, sopas, sucos e outras coisas. 
Ele deixa tudo em cima de uma mesinha e vem sentar na cama. 
-Como está se sentindo? 
-Bem, o nariz não doí mais, Feist me fez tomar os remédios direitinho, estou ótima. -Dou um sorriso para ele. 
Vejo quando seus olhos seguem para a mesinha próxima a minha cama. Ele olha especificamente para a cocaína. Seu rosto fica sério e fico com vergonha e medo do que vem por aí. 
-Você usa isso? -Ele pergunta sem olha para mim, com os olhos fixos na droga. Digo que sim. -Quando foi a última vez que usou? -Digo que foi antes de conhecê-lo. 
Ed se levanta e pega o saquinho com cocaína. 
-Você não precisa mais dessas coisas, a partir de hoje eu não vou mais deixar você usar isso. 
-Desculpa. -Abaixo a cabeça envergonhada.
O poder que ele tem sobre mim é incrível. Eu sempre usei a cocaína e levei broncas da Feist, mas as broncas dela nunca me atingiram, mas com o Ed é diferente, bastou apenas um olhar dele para eu me sentir a pior pessoa do mundo por usar isso. 
-Não precisa se preocupar, sei que os exemplos da rua foi que te influenciaram para isso, mas estou dizendo que não quero mais ver você usando essas coisas. 
Ele deita ao meu lado na cama e me abraça. Puxando minha cabeça para o seu peito, acaricia o meu cabelo e sinto uma vontade de beijá-lo. 
-Sabe, eu estava pensando em te levar para conhecer os moradores da mansão amanhã. Como não está mais sentindo dor acho que não tem problema. -Olho rapidamente para ele. 
-Sério? -Ele confirma com a cabeça. -Isso é tudo o que mais quero na minha vida. Adoraria ir amanhã. 
-Então nós vamos. -Ele me abraça mais forte. -Agora dorme e descansa, não precisa se preocupar, pois estou aqui para te proteger de qualquer coisa. 
Então vou adormecendo com a cabeça em seu peito e a mente em seu coração. 
De madrugada acordo e ouço o Ed ressonar, me aperto ainda mais em seu peito. É diferente de dormir com outros caras, não há nenhuma maldade aqui, nós estamos apenas dormindo e o Ed não parece se incomodar com isso. Ele me respeita, coisa que os outros nunca fazem, por isso que estou apaixonada por ele. Sim, eu admito, estou apaixonada pelo Ed. Não há mais como negar.
on terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Capítulo 25
Abri os olhos e estava em uma sala toda iluminada e com algumas pessoas ao meu lado, mas um cabelo ruivo de destacou na paisagem branca do quarto de hospital. Ed estava sentado ao meu lado, em meu braço alguns tubos pendiam e pude ver um soro em cima da minha cama. 
-Bom dia Bela adormecida. -Ele brincou e me deu um sorriso como presente. -Eu já estava ficando preocupado com você. Os médicos tiveram trabalho para fazer o curativo do seu nariz, ele foi deslocado. A polícia apareceu aqui também. -Então eu fiquei tensa. -Disse a eles o que sabia e eles disseram que iriam voltar para te interrogar. 
-Não quero falar sobre isso com a polícia. 
-Sei que você deve estar com medo e tudo mais, mas não precisa se preocupar, eles vão fazer perguntas para te proteger desse canalha. Ele merece ser preso, não se faz isso com mulher nenhuma, com ser humano nenhum. -Seguro a mão dele e sorrio. 
-Não sei o que fiz para merecer alguém como você. Acho que você já deve estar cansado de ouvir os meus agradecimentos, mas enquanto você continuar a ser essa pessoa que você é, eu vou ter que continuar a agradecer. -Ele abaixa a cabeça e esconde que está envergonhado. -O que houve? 
-Eu estava pensando isso antes de você acordar. O que eu havia feito para merecer alguém tão especial como você na minha vida? -Dou um suspiro de sarcasmo. -É sério, você pode não perceber, mas é muito especial para mim. Eu até estava esperando você acordar para falar algo… 
-Olha só, vejam quem acordou. -Um homem de cabelos negros e enormes sobrancelhas falava atrás de Ed. Olhei sua roupa e vi que era médico. -É bom ver que já está bem, você chegou num mau estado aqui. -Ele diz para mim, às vezes fazendo caretas estranhas enquanto fala. -Nós agora vamos fazer alguns exames em você para ver como está e se caso estiver bem, já pode voltar para casa hoje mesmo. -Uma boa notícia afinal. 
Faço todos os exames e aguardo o resultado tranquilamente quando um policial se aproxima da minha cama e já sei o que ele quer saber. Ele se apresenta e fala a que veio, minhas pernas começam a tremer e não sei o que dizer. 
-Eu só queria que você comentasse como o seu cliente era, com o que ele te atingiu, como foi. Apenas isso. Não precisa se aprofundar muito, pois sei que o trauma foi grande. 
-Foi a primeira vez que fiz programa com ele. -Vou contando tudo, apenas excluindo a parte de que esse cliente é o Chad, melhor amigo do Ed. 
Não quero magoá-lo e não quero o Chad vindo atrás de mim por causa disso. 
-Não lembro direito do rosto dele, poucas coisas me são claras. -Faço uma descrição qualquer e o policial agradece e vai embora.
-Viu nem doeu. -Ed brinca. -Isso era importante. 
-Já fiz, acabou, não precisamos mais falar sobre isso. -Digo um pouco rispidamente. 
Minutos depois o médico chega e me dá alta. Respiro aliviada.
-Vem, vou te levar para a minha casa. -Ed diz e então paro no meio do caminho. 
-Como assim a sua casa? 
-Minha casa, onde moro com meus pais. Ou você acha que eu realmente ia deixar você voltar para aquele seu apertamento? Nada disso, você precisa de cuidados. -Olho dentro dos olhos dele e falo. 
-Ed, não vai ter como eu ficar na sua casa, não vou me sentir bem perto de pessoas chiques, não sei me comportar como uma lady, seus pais vão brigar com você por estar levando pessoas sujas para casa. Não quero isso. Só é me levar para casa. -Ele olha para mim e vê que estou desesperada por isso. 
-Tudo bem, mas tem uma condição. -Pergunto qual. -Vou passar esses dias lá com você. Não vou deixar você sozinha, não enquanto esse cara ainda está aí, fora que você vai precisar da ajuda de alguém. 
-Tem a Feist. 
-Mas ela trabalha a noite. -Então ele está certo. 
Não tem o que discutir, e na verdade, eu nem quero discutir. 
d vai passar alguns tempos na minha casa… Peso a ideia e vejo que a balança vai direto para o peso bom das coisas, não tem como ser ruim.